domingo, 19 de dezembro de 2010

Arsênio na bactéria dos outros é refresco

Arsênio na bactéria dos outros é refresco

Por Sergio Ulhoa Dani (*)

Pesquisadores da NASA descobriram no lago Mono da Califórnia uma bactéria que troca fósforo por arsênio nas suas moléculas, inclusive no DNA [1]. A descoberta é intrigante porque o arsênio é um elemento extremamente tóxico. Entretanto, o achado não autoriza a conclusão em favor da essencialidade do arsênio para nós e os nossos semelhantes.

Alta mobilização de arsênio mais de 200 anos depois do início da mineração de ouro no Quadrilátero Ferrífero.

Alta mobilização de arsênio mais de 200 anos depois do início da
mineração de ouro no Quadrilátero Ferrífero.

A concentração de arsênio na água dos córregos entre Ouro Preto e
Mariana está acima dos limites legais em todos os pontos analisados
por uma equipe da Universidade de Viçosa (UFV), conforme estudo
publicado na revista científica Environmental Monitoring Assessment
[1].

Os cientistas do Departamento de Química da UFV analisaram os
sedimentos e as águas dos córregos da região. A concentração de
arsênio na água variou entre 36,7 e 68,3 μg L⁻¹. A concentração de
arsênio em todos os pontos amostrados está aumentada de 3,67 a 6,83
vezes o limite máximo permitido pela legislação brasileira para água
destinada ao consumo humano, que é de 10 μg L⁻¹.

domingo, 12 de dezembro de 2010

DNPM analisa normas brasileiras de segurança da atividade mineradora

DNPM analisa normas brasileiras de segurança da atividade mineradora

Brasília, 9 dezembro de 2010

Atento às declarações do Ministro de Minas e Energia que, referentes ao
episódio ocorrido no Chile em que mineiros ficaram aprisionados no interior
de uma mina subterrânea, ordenou a revisão da normas brasileiras de
segurança da atividade mineradora, o Procurador de Justiça Serrano Neves
encaminhou uma mensagem de solicitação ao Ministro.

Na mensagem, Serrano Neves solicita que as análises alcancem o entorno, ou
externalidade, das áreas de mineração a céu aberto no tocante à dispersão
aérea e hídrica de poluentes ou cargas nocivas, em especial arsênio e outros
metais pesados, e que atingem sistemas socioambientais com alto prognóstico
de dano, como já ocorreu no Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais e ocorre
em Paracatu, a 200 km de Brasília, com a dispersão do arsênio.

Os danos sistêmicos na externalidade são epidêmicos e podem atingir milhares
de pessoas, não sendo, portanto, menos importantes do que os danos
localizados em minas subterrâneas que atingem algumas centenas, informou
Serrano Neves na mensagem enviada ao Ministro.

A mensagem foi encaminhada à Diretoria de Fiscalização da Atividade
Minerária do DNPM-Departamento Nacional de Produção Mineral na pessoa do seu
diretor, Walter Lins Arcoverde para análise, informou hoje o geólogo Paulo
Ribeiro de Santana, ouvidor do órgão.

Fonte: DNPM

domingo, 5 de dezembro de 2010

Fala do Dr. Sergio U. Dani no plenário do CONSEA, transmitida via internet (Skype) a partir da Alemanha, em 19 de outubro de 2010

Fala do Dr. Sergio U. Dani no plenário do CONSEA, transmitida via
internet (Skype) a partir da Alemanha, em 19 de outubro de 2010

Prezadas Sras. e Srs.,

Em Paracatu, cidade de 100 mil habitantes no noroeste de Minas Gerais,
uma mineradora transnacional canadense, RPM/Kinross Gold Corporation
está poluindo a atmosfera e as águas superficiais e subterrâneas com
arsênio, um dos venenos mais potentes e persistentes conhecidos,
cianeto e ácido sulfúrico, entre outros poluentes, e causando um
verdadeiro genocídio das atuais e futuras gerações.

O arsênio está aprisionado nas rochas sulfetadas da mina do Morro do
Ouro na proporção de 1 kg de arsênio para cada tonelada do minério. O
ouro está presente na proporção de apenas 0,4 g por tonelada de
minério. Isso significa que, para obter 1 kg de ouro, a mineradora
libera 2500 kg de arsênio finamente pulverizado em uma parte muito
importante da bacia do Alto São Francisco. Os dados de concentração de
arsênio e teor médio de ouro citados aqui foram retirados dos
relatórios da própria mineradora.

O arsênio é lançado sobre nascentes de água que no passado abasteciam
os povoados de Paracatu. Em função da aprovação do projeto de expansão
da mineradora em 2009, pelos governos estadual, federal e municipal,
serão depositadas 1 milhão de toneladas de arsênio sobre o Vale do
Machadinho, a partir de 2011. As nascentes desse Vale drenam água
ainda potável da face leste do Sistema Serra da Anta. Essas águas
abasteciam a cidade de água por queda livre, através do histórico Rego
do Mestre de Campo. Essas águas agora serão expropriadas e poluídas
pela mineradora.

Em função da contaminação das águas subterrâneas, da destruição das
nascentes do Córrego Rico e São Domingos pela mineradora de ouro desde
1987, e do aumento do consumo de água na cidade, cerca de 80% do
abastecimento público de água potável dos 100 mil habitantes de
Paracatu passou, a partir de 1996, a depender das águas da face oeste
do Sistema Serra da Anta, onde se encontra o Ribeirão Santa Isabel e
seus afluentes. A água do Santa Isabel é captada pela concessionária
COPASA, tratada e bombeada para Paracatu, com altos custos
operacionais.

O Sistema Serra da Anta não é estanque. O aumento do consumo diário de
'água nova' pela mineradora - três vezes o consumo diário da cidade -
é apontado como um dos responsáveis pelo esgotamento desse sistema
hídrico, já verificado pelas medições feitas pela COPASA, a partir de
1995. O represamento dos rejeitos tóxicos da mineradora sobre as
nascentes da face leste do Sistema Serra da Anta criará uma pressão
hidrostática na face leste da Serra da Anta que causará um refluxo da
água contaminada pelo aqüífero no sentido da drenagem da face oeste do
Sistema. Esse fenômeno, que poderá durar anos ou séculos, acabará
poluindo as águas que hoje abastecem Paracatu. É tudo uma questão de
tempo.

A drenagem ácida da mina e das lagoas de rejeitos potencializa a
poluição por arsênio. Medições feitas pelo CETEC (MG) em 2008 indicam
altíssima concentração de sulfatos nas águas que drenam da lagoa de
rejeitos atual. Estudo da UFMG-Universidade Federal de Minas Gerais de
2009 mostra poluição grave e persistente por arsênio nos sedimentos
dos córregos à jusante da mina: Córrego Rico e Ribeirão Santa Rita. Em
alguns trechos, as concentrações exorbitam os limites legais em mais
de 700 vezes. Análises do laboratório CAMPO de 2010 indicaram aumento
da concentração de arsênio na água de 6 partes por bilhão (ppb). O
laboratório CAMPO, que é colaborador da mineradora, não detectou
arsênio nas águas a montante da mina, indicando que a fonte de
poluição é a mineradora.

Medições de arsênio na poeira colhida em 20 pontos diferentes de todo
o assentamento urbano da cidade de Paracatu realizadas em duplicata
pela UFMG e pela Universidade Técnica de Freiberg, na Alemanha
indicaram em julho de 2010 concentrações de arsênio tão extremamente
danosas à saúde pública, a ponto de qualificar o efeito da mineração
de ouro a céu aberto em Paracatu como genocídio.

Um grama de arsênio mata agudamente 7 pessoas adultas. Quantidades
muito menores, na faixa de milionésimos do grama inalados ou ingeridos
cronicamente causam uma série de doenças, incluindo: diabetes, câncer,
doenças cardiovasculares, demências e outras doenças neurológicas,
abortos e malformações congênitas, doença renal, entre outras.

Apenas 0,1% de todo o arsênio a ser liberado pela mineradora
RPM/Kinross nos próximos 30 anos bastaria para matar toda a população
atual do nosso planeta: 7 bilhões de pessoas. Para evitar essa
catástrofe, a mineradora teria que operar com uma eficiência de
neutralização e imobilização do arsênio da ordem de 99,9%, um índice
impossível de atingir simplesmente pela capacidade operacional da
mineradora. Um estudo da própria mineradora publicado em colaboração
com o CETEM (RJ) indica uma capacidade de recuperação de apenas 30% do
arsênio na fase da hidrometalurgia.

O genocídio cometido pela mineradora só não se manifesta em escala
global porque os efeitos do arsênio que ela libera são concentrados
nos níveis local e regional e diluídos no tempo. Mesmo considerando a
alta mobilização do arsênio dissolvido na água ou gaseificado, na
prática, 'apenas alguns milhões de pessoas' morrerão ou adoecerão
cronicamente em função da atividade da mineradora, geralmente aqueles
mais próximos da fonte de contaminação: os paracatuenses e a população
que se servir das águas da bacia do Rio São Francisco nos próximos
anos, décadas ou milênios.

Como existem milhares de minas de ouro em rocha dura contendo arsênio
espalhadas pelo mundo, acredita-se que os efeitos genocidas serão
multiplicados na esfera global, a partir dos níveis locais e
regionais.

Vários estudos científicos indicam que o arsênio persiste no ambiente
pelo menos durante séculos. É o caso, por exemplo, da Sierra Nevada,
no oeste americano, que apresenta poluição persistente causada por
minas de ouro abandonadas da época da corrida do ouro, por volta de
1850.

A mineração de ouro a céu aberto em Paracatu é um crime de genocídio e
causa um prejuízo enorme para o país, na medida em que afeta a saúde e
a vida de milhões de pessoas, no presente e no futuro.

Nem todo o ouro extraído de Paracatu seria suficiente para pagar os
custos de neutralização dos efeitos do arsênio liberado pela
mineração. Um estudo publicado em 2010 pelo Instituto Nacional de
Pesquisa Econômica da Suécia usou uma abordagem médico-ambiental que
leva em conta a exposição ao arsênio, a fim de analisar como os riscos
de câncer em locais contaminados por arsênio e suas vizinhanças são
implicitamente valorados no processo de remediação. Os resultados
mostram que o custo por vida salva varia de SEK 287 milhões a SEK
1.835.000 milhões (equivalente a R$ 73.973.607,53 - R$472.967.142,21),
a despeito de cálculos conservadores que de fato subestimam os custos.
Considerando-se conservadoramente apenas 1% da população atual de
Paracatu vitimada por câncer causado pelo arsênio (sem considerar
novas gerações ou as outras doenças causadas por arsênio, como Doença
de Alzheimer, diabetes, doenças cardiovasculares, etc.), teríamos um
custo conservador estimado entre R$73 bilhões e R$472 bilhões. Isso
quer dizer que os prejuízos causados pela mineração em Paracatu são de
5 a 10 vezes maiores que o valor bruto de todo o ouro retirado da
cidade. Infelizmente, nem 1% do valor líquido fica na cidade na forma
de impostos. O ouro vai e não volta, mas os problemas, os venenos, a
pobreza e a morte ficam.

Se todo o ouro já extraído no mundo fosse distribuído igualitariamente
pela população atual do planeta, cada ser humano receberia pouco mais
de 20 gramas de ouro, e levaria de brinde a pegada genocida dessas 20
gramas: 50 kg de arsênio.

Ouro é para um punhado de ricos, o que a maioria das pessoas não é. Os
pobres devemos nos contentar com o veneno que nos empobrece cada vez
mais até matar-nos. Até quando vão abusar da nossa paciência?

--
Sergio U. Dani
Germany
Tel. 00(XX)49 15-226-453-423
srgdani@gmail.com

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mineração Arrasa Terras De Comunidades Quilombolas

Mineração Arrasa Terras De Comunidades Quilombolas
http://www.brasilminingsite.com.br/includes/modulos/mdl_headline/exibir_headline.php?id=1331

Data: 25/10/2010

Fonte: Hoje em Dia

Kinross Gold é acusada na Justiça Federal de avançar sobre área cultivável de comunidades e de envenenar a água

O futuro dos remanescentes de três comunidades quilombolas de Paracatu, na Região Noroeste de Minas, deve ser definido neste ano pela Justiça. Essas populações, segundo a Procuradoria da República no Estado, estão sendo dizimadas pela Rio Paracatu Mineração (RPM), do grupo canadense Kinross Gold Corporation.

A ampliação da barragem de rejeitos tóxicos com dimensão dez vezes maior que a Lagoa da Pampulha (cerca de 2 mil hectares) já teria inutilizado quase a totalidade da área cultivável. Pesa ainda sobre a RPM a acusação de estar envenenando com arsênio a água consumida pela população local.

Ação civil pública relacionada às comunidades quilombolas dos Amaros, de São Domingos e Machadinho, está tramitando no Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Segundo o procurador da República em Patos de Minas, Onésio Soares Amaral, duas ações foram interpostas contra a RPM, em março de 2009 e em março deste ano. Ele relata que, desde 2004, remanescentes das comunidades Machadinho e Amaros vêm se deslocando de suas terras para a periferia de Paracatu, pressionados pela mineradora, que explora ouro em minas a céu aberto. O complexo processo envolve a concessão de lavra por órgãos oficiais, que foi revista e reformulada.

Amaral denuncia que nos relatórios das comunidades quilombolas, apresentados pela mineradora, foram omitidos dados importantes sobre as comunidades, localizadas, segundo ele, em áreas inalienáveis.

Ele lembra que os quilombolas começaram a deixar suas comunidades de origem no início da década de 1960, para trabalhar na construção de Brasília e em Cristalina, em Goiás. Hoje, afirma ele, a mineração RPM vem empregando meios sutis e também truculentos para afastar da área seus antigos habitantes, como a abertura de estradas próximas às casas dos quilombolas, aviso de compra e posse de escrituras na região circunvizinha, além de explosões de dinamite durante a madrugada.

O juiz federal José Humberto Ferreira declarou que a RPM ?está buscando o licenciamento ambiental para expandir sua lavra e construir a barragem de resíduos nas terras que estão sendo identificadas e delimitadas como sendo dos Remanescentes da Comunidade do Quilombo do Machadinho, o que tornaria letra morta o disposto no art. 68 do ADCT?.

O artigo em questão, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, dispõe que ?aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos?.

Neste caso, além de já terem sido reconhecidas oficialmente como remanescentes de quilombos e de terem tido as terras demarcadas pelo Incra, as comunidades aguardam apenas a conclusão do processo de outorga da titularidade pelo Estado.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A CARA DE PAU É UNIVERSAL

A CARA DE PAU É UNIVERSAL

Setecentos milhões de litros de lama tóxica vazaram da represa de uma empresa na Hungria (http://www.ecodebate.com.br/2010/10/07/enxurrada-de-lama-toxica-vermelha-queima-cidades-hungaras/) matando 4 pessoas, ferindo 120 e provocando a evacuação de habitantes no curso da enxurrada venenosa (metais pesados).

A perda de solo agrícola e a poluição do Rio Danúbio são de consequência devastadora (lama extremamente ácida), de longo prazo e de custo inestimável.

O proprietário da usina de refinamento de alumínio disse que a lama não é classificada como perigosa e que a empresa atende todos os padrões de segurança.

PRESTE ATENÇÃO: você pode adoecer ou morrer porque a lei está sendo cumprida, seja na Hungria ou em Paracatu.

Dura lex sed lex (a lei é dura mas é lei) sele seu caixão com durex.

sábado, 4 de setembro de 2010

Kinross convida incompetentes para defendê-la das acusações de genocídio em Paracatu

Quando se trata de saúde pública, mineradora transnacional canadense Kinross convida incompetentes para defendê-la das acusações de genocídio em Paracatu

Por Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha, em 4 de setembro de 2010

Acabo de receber cópia do jornal “O Movimento”, que traz reportagem sobre o seminário da mineradora transnacional canadense RPM/Kinrros entitulado "diálogo aberto com a comunidade", que teve o subtítulo “fala que eu te ouço”. O seminário ocorreu na sede da Igreja Presbiteriana do bairro Vila Mariana, em Paracatu, das 8 às 18 horas do dia 21 de agosto. A participação popular foi tímida, o povo está cansado das mentiras da mineradora genocida.

A mineradora trouxe gente da empresa “CEMEA-Centro Mineiro de Estudos Epidemiológicos e Ambientais Limitada (CNPJ 05.334.322/0001-90)”, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal de Viçosa (UFV) sob sua batuta para tentar convencer que está tudo bem em Paracatu, que o arsênio não está matando e as casas não estão rachando. Não conseguiu.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

No a la mega minería. Defendamos el agua y la vida

No a la mega minería. Defendamos el agua y la vida
27-08-10 Por Jesús Matías Filomeno Ocampo

Porque la mega minería saquea y contamina. Porque ya hay mas de 30 emprendimientos mineros en La Rioja. Porque ya comenzó el plan nuclear y el uranio es radiactivo y mata. Porque ya Guandacol está contaminado. Porque ya están usando el agua de Huaco que todos bebemos. Porque ya se sancionó la ley 8.388 de infraestructura hídrica en Famatina para darles nuestra agua a las mineras. Porque ya destruyeron la cascada Aberastain en Juan Caro. Porque ya se expropiaron miles de hectáreas para la explotación minera. Porque ya Catamarca está contaminada y pobre, luego de 12 años de explotación.

Por esto y más...los riojanos decimos No a los proyectos mega mineros.

Sí al agua. Si a la vida.


domingo, 29 de agosto de 2010

Incra solicita suspensão de atividade mineraria que ameaça existência de comunidades quilombolas em Paracatu-MG

Incra solicita suspensão de atividade mineraria que ameaça existência
de comunidades quilombolas em Paracatu-MG

Por racismoambiental, 27/08/2010

O presidente do Incra, Rolf Hackbart, por orientação da Procuradoria Federal Especializada (PFE) junto à autarquia, solicitou por meio de ofício ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) a suspensão imediata por 90 dias dos alvarás ou outras concessões administrativas deferidas à empresa Rio Paracatu Mineração S/A (RPM), referentes à atividade da mineradora na região do Morro do Ouro, no município de Paracatu-MG, a 488 km de Belo Horizonte. O objetivo é, diante da suspensão, auferir se o licenciamento ambiental já conferido ao empreendimento é corretamente acompanhado pelo órgão de controle e se o documento contempla as comunidades quilombolas de Machadinho, Família dos Amaros e São Domingos, instaladas desde o século XIX na região.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Urânio na Bahia: Melhor deixar no solo

Urânio na Bahia: Melhor deixar no solo

Deputada do Partido Verde Alemão vem ao Brasil para saber detalhes e efeitos socioambientais do programa nuclear brasileiro

Fonte: Fundação Heinrich Boell

Ute Koczy, 49, deputada do Partido Verde Alemão no Bundestag (Parlamento Nacional) e porta-voz do partido para assuntos relacionados à política de desenvolvimento, visitará o Brasil em viagem oficial, de 22 a 29 de agosto. No centro da sua viagem está o programa nuclear nacional e o suporte financeiro alemão para a construção da usina de Angra 3. A viagem levará a deputada ainda a
Brasília e a Caetité no sertão baiano, região da mina de urânio.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Exercício do direito de resposta

Exercício do direito de resposta

Por Sergio Ulhoa Dani, de Göttingen, Alemanha, Agosto de 2010

Resposta por absurdo

Por Sergio Ulhoa Dani, de Göttingen, Alemanha, Agosto de 2010

“Assim como eu não posso aceitar elogios por exercer meus papéis de médico, cientista e cidadão, tampouco posso aceitar insultos, ameaças, calúnias e difamações. Essas calúnias e difamações revelam desinformação, malícia, ignorância e desprezo aos papéis sociais da ciência e da cidadania. Mas mostram, por absurdo, com quem está a verdade.”

José Edmar Gomes, em seu editorial publicado pelo jornal “O Movimento” e reproduções do seu texto (“Mineração, arsênio... com quem está a verdade?”, por Florival Ferreira, publicado no “Paracatu.net”) questionam sobre minha idoneidade como médico, cientista e cidadão.

domingo, 1 de agosto de 2010

Garimpo eletrônico

Garimpo eletrônico
 
Jun 03, 2010. Fonte: Correio Braziliense
 
O Brasil desperdiça, nos lixões e aterros do país, cerca de 11 toneladas de ouro por ano. Além disso, são perdidos mais 17 tipos de metais preciosos. Entre eles, a prata, o cobre e o zinco. Toda essa riqueza jaz, escondida, nas 500 mil toneladas de celulares, computadores e demais produtos eletrônicos descartados pelos brasileiros anualmente. Com tamanha fortuna inutilizada, os garimpos dos tempos modernos têm trocado a perfuração da rocha pelas montanhas de sucatas. Algumas empresas estrangeiras estão usando o lixo verde amarelo para abarrotar os cofres de dinheiro. Em todo o mundo, essa conta do desperdício chega a 1,1 milhão de quilos do metal dourado.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Arsênio em Paracatu atinge níveis de genocídio

Arsênio em Paracatu atinge níveis de genocídio

Por Sergio U. Dani, médico e cientista, de Göttingen, Alemanha, 18 de julho de 2010

Concentrações medidas de arsênio entre 32 mg/Kg e 2980 mg/Kg em amostras de poeira colhidas nas residências e estabelecimentos comerciais da cidade de Paracatu indicam que milhares de pessoas estão sendo envenenadas crônicamente na cidade de 85 mil habitantes do noroeste do estado de Minas Gerais, Brasil.

As amostras foram colhidas em duplicata em 20 residências e estabelecimentos comerciais localizados no centro e na periferia da cidade de Paracatu por pesquisadores do Instituto Medawar e da UFMG. As análises foram feitas em duplicata no Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais e no Laboratório de Análises Geoquímicas do Instituto de Mineralogia da Universidade Técnica de Minas de Freiberg, na Alemanha.

A poeira contendo arsênio é liberada 24 horas por dia a partir da mina de ouro a céu aberto operada na cidade pela mineradora transnacional canadense Kinross Gold Corporation. As rochas da mina contém arsenopirita, o principal minério de arsênio. De cada tonelada de minério, a mineradora retira em média apenas 0,4 g de ouro, mas 1 kg de arsênio.

domingo, 11 de julho de 2010

Parlamento Europeu quer proibição total do uso de cianeto na mineração a partir de 2011

Parlamento Europeu quer proibição total do uso de cianeto na mineração a partir de 2011

A resolução 2010-0145 do Parlamento Europeu questionou duramente a extração de minerais com cianeto. Os parlamentares advertiram sobre os riscos para a saúde e o meio ambiente e pediram à Comissão Européia a proibição total de cianeto nos 27 estados-membros a partir do ano que vem.

“A possibilidade de que ocorra um acidente na mineração em grande escala com o uso de cianeto é só uma questão de tempo", advertem os parlamentares. A resolução do Parlamento Europeu foi aprovada com 488 votos a favor, 57 abstenções e 48 votos contra.

sábado, 3 de julho de 2010

ARSÊNIO NO CANADÁ DOS OUTROS É REFRESCO

ARSÊNIO NO CANADÁ DOS OUTROS É REFRESCO
por Serrano Neves* & Sergio Dani**


Em Yellowknife, noroeste do Canadá, o governo enfrenta lidar com 250.000 toneladas de trióxido de arsênio acumulados em uma mina subterrânea desativada, a um custo de 250 milhões de dólares.
http://findarticles.com/p/articles/mi_hb6685/is_4_25/ai_n28752642/

Os canadenses encontraram uma alternativa mais barata de remediação dos efeitos do arsênio a um custo de 120 milhões de dólares num processo que duraria 20 anos.
http://www.greatlakesdirectory.org/Canada/Sept.0808.2.htm

terça-feira, 8 de junho de 2010

Gen sertanejo garante sobrevivência

...
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*Gen sertanejo garante sobrevivência*
http://www.funpecrp.com.br/gmr/year2010/vol9-2//pdf/gmr844.pdf

Fonte: Excegen Genética SA, junho de 2010

Em condições de restrição dietética, bovinos que carregam uma forma selvagem do gen do hormônio do crescimento bovino (GH) conseguem manter o crescimento, enquanto que os que carregam a forma doméstica do gen param de crescer, de acordo com um estudo publicado na revista Genetics and Molecular
Research (GMR).

No estudo, os pesquisadores compararam o ganho de peso de bois da raça nelore (Bos indicus) portadores da forma comum ou doméstica do GH chamada de G2, e da forma selvagem, G1.

Em condições de abundância de alimento, os animais G2 ganharam mais peso que os animais G1. Entretanto, quando o alimento tornou-se escasso, a situação se inverteu: os animais G2 perderam peso e os animais G1 mantiveram o ganho de peso.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O avesso do progresso

O avesso do progresso

Por Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha, em 3 de junho de 2010

Jornalismo, conforme afirmou George Orwell, é "publicar o que alguém não quer ver publicado, todo o resto é relações públicas".

Ofereço aqui uma matéria jornalística como contraponto a uma recente reportagem publicada por um certo jornal de Brasília. Presto aqui as minhas homenagens ao repórter do jornal, porém ao avesso, seguindo o espírito Orwelliano de publicar o que alguém não gostaria de ver publicado.

Lá vai:


domingo, 23 de maio de 2010

Sinais clínicos de envenenamento crônico por arsênio em Paracatu

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Sinais clínicos de envenenamento crônico por arsênio em Paracatu

Por Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha, 22 de Maio de 2010
Fotos: cortesia Laure Terrier

As lesões de pele mostradas nessas fotos feitas em Paracatu são típicas dos primeiros efeitos do envenenamento crônico por arsênio. Esse tipo de lesão é chamado de hiperpigmentação da pele (surgimento de manchas escuras na pele). A hiperpigmentação geralmente surge como um padrão de "gotas de chuva" no tronco ou nas extremidades e na língua.


Qual é o risco de morrer de câncer por causa de arsênio na água?

Qual é o risco de morrer de câncer por causa de arsênio na água?

Por Sergio Ulhoa Dani, de Göttingen, Alemanha, em 22 de maio de 2010

Arsênio é uma substância naturalmente presente na crosta terrestre. O arsênio aprisionado nas rochas não faz mal, porém se ele é liberado para o ambiente, torna-se um dos venenos mais poderosos conhecidos.

Morro de arsênio em Paracatu

Morro de arsênio em Paracatu

Por Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha, 23 de maio de 2010

Sua vida e a das pessoas que você ama podem estar sendo prejudicadas pelo arsênio.

O arsênio é uma substância presente nas rochas da mina do Morro do Ouro. O ouro do morro está grudado na rocha de arsênio, a que os cientistas chamam de arsenopirita.

Enquanto está preso na rocha, o arsênio não faz mal a ninguém. O arsênio está grudado, “aprisionado” na rocha há milhões de anos. Mas se a rocha é quebrada e moída para arrancar o ouro, o arsênio vira pó e se dissolve na água feito sal de cozinha.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Kinross Gold Corporation é multada no Brazil

STJ multa a Rio Paracatu Mineração - RPM
Brasília, 11 de Maio de 2010

Em decisão judicial de última instância, publicada em 11/5 último, a 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça aplicou multa de 1% sobre o valor da causa em favor dos Espólios de Augusto e Anna Ferreira Albernaz e contra a mineradora Rio Paracatu Mineração pertencente ao grupo canadense Kinross.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Município indeniza por dano ambiental

Município indeniza por dano ambiental

Prefeitura de Paracatu causou impacto ambiental acarretado pelo desmate da mata que fica às margens do Córrego do Espírito Santo, remoção das camadas do solo e depósito de lixo no local.

Segunda-feira, 03 de Maio de 2010

Por TJMG

A Fundação Acangaú para conservação e uso sustentado de ecossistemas
naturais ajuizou ação civil pública contra o município de Paracatu, em razão
de danos ambientais. A decisão da 7ª Câmara Cível confirmou a sentença,
condenando o município a reparar os danos e pagar valor indenizatório. De
acordo com a Fundação, o município causou impacto ambiental acarretado pelo
desmate da mata que fica às margens do Córrego do Espírito Santo, remoção
das camadas do solo, depósito de lixo no local, entre outros.

Mineradora Kinross Gold Corporation é impedida de construir estrada

Mineradora Kinross Gold Corporation é impedida de construir estrada em
terras de comunidade quilombola em MG
<http://www.ecodebate.com.br/2010/05/11/mineradora-kinross-gold-corporation-e-impedida-de-construir-estrada-em-terras-de-comunidade-quilombola-em-mg/>
*
Liminar foi dada em ação do Ministério Público Federal e Incra para defender
comunidades que sofrem processo de desagregação e expropriação de suas
terras

A Justiça Federal em Patos de Minas (MG) concedeu liminar na Ação Civil
Pública n. 2010.38.06.000610-0 proibindo a mineradora Kinross Gold
Corporation de realizar toda e qualquer atividade num raio de 500 metros da
residência de integrantes da comunidade remanescente do Quilombo dos Amaros.
Isso significa a paralisação imediata das obras de construção de uma estrada
vicinal dentro do território quilombola.


Na guerra por Paracatu, canadenses usam armas químicas

Na guerra por Paracatu, canadenses usam armas químicas

Por Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha, em 9 de maio de 2010

Paracatu é um município de 8232 km2 (cerca de um terço do território da
Palestina, um quinto do território da Suíça), na região sudeste do Brazil. A
sede administrativa está localizada no centro do município e concentra a
maioria da população, estimada em cerca de 90 mil habitantes no ano de 2010.

O nome do município, que é o mesmo da sua sede e do principal rio da região,
deriva da língua tupi-guarani: 'pará' ('opará') significa o mar em geral,
rio caudaloso + 'catu', bom, daí Paracatu significar um rio bom, navegável,
piscoso*.*

sábado, 8 de maio de 2010

Estudos fornecem novas provas contra mineradora em Paracatu




Por Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha, 21 de abril de 2010

A quantidade de mercúrio lançada nas águas de Paracatu pelos garimpeiros não chega aos pés da quantidade de arsênio que a mineradora RPM/Kinross Gold Corporation está lançando sobre essa cidade de mais de 80 mil habitantes do noroeste de Minas Gerais.

Estudo da UFMG-Universidade Federal de Minas Gerais [1,2] mostra que os sedimentos dos córregos e rios de Paracatu possuem mercúrio na faixa de 0-2 mg.kg-1. Nessas mesmas águas, a UFMG detectou arsênio na faixa de 2-1000 mg.kg-1, ou seja, até 500 vezes mais arsênio que mercúrio.



quarta-feira, 28 de abril de 2010

O MICO DOURADO

 O MICO DOURADO

Lembro, de criança, de um divertido e inofensivo jogo chamado Mico Preto.

O baralho era composto por um número de pares de cartas e uma carta com o hilário desenho de um mico preto.

O baralho era distribuídos e os jogadores iram tirando cartas das mãos uns dos outros e aquele que ficava com o mico preto perdia, e todos riam dele.

Lembrei do jogo porque são cinco horas da manhã, o sol se esforça para nascer e estou analisando custos sociais e ambientais de operação e custos de fechamento de minas.

A leitura causa espanto quando o dinheiro envolvido é medido em dólares e bilhões.

As equações são complexas e os gráficos complicados, mas dá para explicar de maneira simples: ao longo do tempo o lucro da exploração vai diminuindo e a dívida socioambiental aumentando.

A promessa de colocar tudo nos lugares quando a mina fechar é enganosa pois a poupança necessária para isto é dinheiro que não entra no bolso dos acionistas.

Para trabalhar sem ter que fazer poupança e aplicações as mineradoras fazem investimentos de "responsabilidade social" que são muito, muito, muito mais baratos (e bota barato nisto), e compram a simpatia da população e de algumas autoridades.

Mas não é só isso, pois abusam da ignorância e da falta de acesso à informação, publicando, quando publicam, coisas ininteligíveis para o povo em geral e para algumas autoridades também.

Oferecem compensação social, o que é aceito.

Compensação social é um pagamento feito para que a pessoa se distraia e não preste atenção na ruina. No exagero é algo mais ou menos assim: enquanto tiro o ouro eu enveneno a água que vai matar você e pago para você beber a água envenenada, e quando você morrer deixará de herança para a família a casa que comprou com o dinheiro que ganhou para beber água envenenada.

Bumba meu morro! a família ficará agradecida porque ganhou uma casa.

A esperteza consiste em pintar o mico preto de dourado e ai o jogador que está com ele na mão acha que é valioso e não quer que outro o pegue.

A mágica do dono do baralho é simples: quando o ouro acaba o mico volta a ser preto e está na mão dos outros.

sábado, 24 de abril de 2010

Mineradora polui as águas de Paracatu com arsênio

Estudo da UFMG comprova: Mineradora polui as águas de Paracatu com arsênio - Concentrações são muito altas e preocupantes, informam cientistas

Por Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha, 18 de abril de 2010

Mais um estudo científico confirma a poluição grave e persistente das
águas de Paracatu com arsênio da mina de ouro operada pela mineradora
canadense RPM/Kinross Gold Corporation.

O estudo foi conduzido pela pesquisadora Patrícia Rezende, sob
orientação de Letícia Costa e Cláudia Windmöller, ambas
professoras-doutoras do Departamento de Química da UFMG [1,2].

As pesquisadoras mediram a quantidade de arsênio nos sedimentos dos
córregos e rios do município. Segundo elas, a análise da poluição das
águas pelo método de dosagem dos poluentes nos sedimentos revela
informações mais confiáveis que a simples dosagem na água, pois os
poluentes carregados pela água ficam retidos nos sedimentos de forma
mais duradoura.

"É como se os sedimentos contassem a história da água que passa",
explica Rezende.

Os sedimentos dos córregos e rios de Paracatu estudados pelas
pesquisadoras apresentaram uma concentração natural média abaixo de 2
mg de arsênio por quilo. Após a passagem dos córregos e rios por
Paracatu, a concentração média aumenta para 150 mg de arsênio por
quilo, podendo chegar a mais de 1000 mg por quilo.

As concentrações mais altas foram observadas no ponto de amostragem
PTE023, no Córrego Rico. Uma medição feita em Agosto de 2008 indicou
uma concentração de 1116 mg de arsênio por quilo de sedimento, o que
corresponde a uma concentração 190 vezes maior que a estipulada pela
legislação do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) e 744 vezes
maior que a concentração média natural dos rios e córregos da região.

A maior parte do arsênio detectado no sedimento do leito do Córrego
Rico neste ponto está na forma de arsenopirita, mineral presente na
mina de ouro na proporção média de 1 kg por tonelada de minério [3].
Neste ponto também foi detectado o argilomineral ilita. Esse mineral
também é encontrado na mina de ouro operada pela canadense Kinross, e
o ponto de amostragem está a jusante da mina.

O arsênio da mina de Paracatu pode alcançar os córregos de duas
maneiras principais: pela deposição da poeira contaminada e pela
drenagem ácida da mina e da lagoa de rejeitos. Os resultados da UFMG
contradizem os resultados de auto-monitoramento realizados pela
mineradora e aceitos pelos órgãos públicos de controle ambiental.

“A contaminação por arsênio atingiu teores superiores ao nivel 2 do
CONAMA (17 mg.kg-1) em Paracatu. Essa região apresenta teores de
arsenopirita naturais elevados, que estão sendo liberados para o meio
ambiente devido à atividade de mineração de ouro” – informam as
pesquisadoras.

Não é a primeira vez que estudos científicos comprovam a poluição das
águas de Paracatu pela mineradora canadense Kinross. Estudo realizado
pelo pesquisador Giovani Melo e publicado em 2008 em Paracatu já
revelava uma contaminação de gravidade extrema, com repercussões sobre
a saúde da população [4,5].

Referências:

[1] Rezende PS. 2009. Avaliação da mobilidade e biodisponibilidade de
metais traço em sedimentos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.
Tese de Mestrado em Química. Universidade Federal de Minas Gerais,
UFMG, Brasil.

[2] Moura PAS, Rezende PS, Nascentes CC, Costa LM, Windmoeller CC.
Quantificação e distribuição de arsênio e mercúrio em sedimentos da
Bacia do Rio São Francisco. In: XXII Encontro Regional da Sociedade
Brasileira de Química, MG, 2008, Belo Horizonte.

[3] Henderson RD. 2006. Paracatu Mine Technical Report. Kinross Gold
Corporation, July 31, 2006. Disponível na internet em:
http://www.kinross.com/operations/pdf/Technical-Report-Paracatu.pdf

[4] Dani SU. Agora está confirmado: RPM/Kinross polui água de Paracatu
com metais pesados. Níveis são alarmantes e contaminação já atinge as
áreas vizinhas da mina. Jornal Alerta Paracatu, Ano I, número 00,
edição especial de junho de 2008, p. 23. Fundação Acangaú, Paracatu,
MG, Brasil.

[5] Melo G. Contaminação é de gravidade extrema, diz especialista.
Jornal Alerta Paracatu, Ano I, número 00, edição especial de junho de
2008, p. 24. Fundação Acangaú, Paracatu, MG, Brasil.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

SEMINÁRIO DE COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA

Convite: Dia 24 de abril, sábado, 8:00 horas, no Cine Teatro Santo Antonio, Praça da Matriz, em Paracatu.
SEMINÁRIO DE COMUNICAÇÃO COMUNITÁRIA E SUSTENTABILIDADE LOCAL
Faculdade de Educação da Universidade de Brasília - Programa Escola de Comunicação Comunitária/Rede Comunitária de Educação.

sábado, 17 de abril de 2010

Samba do Bin Laden em Brasília

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Samba do Bin Laden em Brasília

Por Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha, 15 de abril de 2010

Resumo: Os gigantescos danos sociais e ambientais causados pela mineração a céu aberto em Paracatu superam o valor bruto das reservas de ouro. Apesar disso, ministro do STJ afirma que “os riscos de grave lesão à economia estão devidamente caracterizados.” Quando a corte superior do Brasil autoriza mentiras, corrupção, poluição, prejuízos de bilhões ao país e um verdadeiro genocídio, ela perde seu referencial moral e ético, perde sua legitimidade e pratica a mais abominável forma de terrorismo.

A mineradora de ouro canadense Kinross obteve ontem decisão favorável do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para levar à frente o projeto de expansão das atividades da Minas do Morro do Ouro da empresa Rio Paracatu Mineração, localizada em Paracatu, na região Noroeste do Estado. [1]

.BARBÁRIE OU GENOCÍDIO?

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BARBÁRIE OU GENOCÍDIO?

por Serrano Neves - Goiânia, 17 de abril de 2010

Analisando o quadro histórico da mineração no mundo verifiquei que no Brasil não há diferença em relação aos danos que são causados ás populações.

Analisando o Brasil, em especial, verifiquei que Paracatu é uma "xerox" do que ocorre em outros lugares, principalmente em relação à contaminação (ar, água, solo, humanos) por metais pesados, arsênio e mercúrio em especial.

Analisando Paracatu como destaque, a rocha arsenopirita que contém o ouro é um anúncio de que se mexer nela "vai sair veneno" (arsênio), e tanto vai sair que a história da cidade registra a "maldição" do Morro do Ouro.

A vida é um perigo em si mesma pois as pessoas certamente morrerão por conta de doença ou velhice.

Viver é um perigo constante pois quando nós mesmos não estamos nos envolvendo em perigos tem alguém fazendo alguma coisa perigosa que pode nos atingir, ou seja, podemos ser atropelados por um carro, mortos por um assaltante, soterrados por uma casa mal construída etc.

domingo, 4 de abril de 2010

Troca de água potável por veneno

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Nada faz sentido na troca de água potável por veneno em Paracatu, MG,
Brazil, exceto pelos ralos da corrupção

Por Sergio U. Dani, de Göttingen, em 4 de Abril de 2010

Em Paracatu, cidade de 84 mil habitantes do noroeste do Estado de Minas Gerais, Brasil, o Ribeirão Santa Isabel – principal fonte de água potável da cidade desde 1996 – está secando. O manancial perdeu 3 bilhões de litros de água em 18 anos.

Antes do Santa Isabel, o abastecimento desta cidade de mais de 300 anos era garantido pelo Córrego Rico e nascentes, cisternas e poços semi-artesianos localizados no espaço urbano e na bacia do Ribeirão Santa Rita. As nascentes do Córrego Rico foram destruídas pela mineração de ouro a céu aberto a partir de 1987, e as cisternas e os poços urbanos estão esgotados ou contaminados.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Silencio letal

 Silencio letal

Por Apolo Heringer Lisboa (*), em 2 de abril de 2010

Em Paracatu tem uma mineração de ouro canadense. Após receber uma denúncia amparada por dados científicos sobre a poluição ambiental, solicitei formalmente - e está documentado - que a FEAM, que defendeu o licenciamento e o COPAM que aprovou o empreendimento, se manifestassem publicamente prestando contas à sociedade e dizendo que as acusações e dados apresentados eram falsos, e que se responsabilizavam pelo empreendimento e o estavam fiscalizando e monitorando física, química e biologicamente.

Assim poderíamos fazer nosso juízo. Pois nem todas denúncias são válidas. Desta forma, a sociedade estaria sendo protegida pelos mecanismos democráticos.

Mais de um ano após minha solicitação, ainda não tomei conhecimento de nenhuma manifestação dos órgãos públicos. Aí está o problema da gestão quando peca pelo desrespeito aos direitos dos cidadãos e prioriza o poder econômico.

Ninguém pode dizer que esta cobrança minha seja posição e atitude anti-mineração, preconceituosa, anti-capitalista ou de má vontade.

Qualquer movimento social tem o direito de receber respostas e terem seus receios levados a sério. Mesmo sendo de oposição, por que não?

Isto preserva a sociedade de surpresas desagradáveis e letais.

A maior parte do ouro produzido pelas minas em todo o mundo é para a fabricação de jóias. E especulação. Os outros usos industriais, alguns fundamentais, não exigiriam tanto estrago da paisagem, da biodiversidade e contaminação ambiental em tantos países do mundo.

Está claro que a extração cria alguns empregos. Mas não se pode analisar geração de empregos de forma isolada da ética. Ou como um valor em si. Para que servirão estes empregos?

O tráfico de drogas e a prostituição geram mais empregos, e são fontes de satisfação de muitos comerciantes e usuários. O sistema democrático e a liberdade de opções só se tornam socialmente legítimos quando
passam pelo crivo da aprovação social após discussões amplas e deliberações.

Isto não tem ocorrido, pois o poder econômico e o sistema “partidário-subjudice” é que decidem autonomamente. O sistema de licenciamento e outorga não respeita a biodiversidade (relegando aos SNUCs esta missão) nem a qualidade das águas (enquadramento dos rios e bacias, ou o direito de sobrevivência das comunidades aquáticas).

(*) Medico, Professor de Medicina Preventiva e Social da UFMG-Universidade Federal de Minas Gerais, coordenador do Projeto Manuelzão.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Alerta Dia Mundial da Água em Paracatu

Alerta Dia Mundial da Água em Paracatu:
Transnacional canadense RPM/Kinross traz corrupção, doença, pobreza e
morte para milhares (*)

(*) Baseado em artigos de Guilherme Costa e Sergio U. Dani

22 de março de 2010

Há 15 anos, durante o Dia Mundial da Água, a Organização das Nações Unidas (ONU) chama a atenção da população mundial para a problemática relacionada ao tema água. Temas como “Água para Cidades que têm Sede”, “Água e Saúde”, “Lençóis Freáticos – o Recurso Invisível” e “Água para o Desenvolvimento” foram abordados desde 1994.

Em 2010, o assunto do dia é: “Água limpa para um mundo saudável”. Neste dia a ONU contabiliza que água poluída e contaminada está matando mais gente no mundo do que todas as formas de violência, inclusive as guerras.

A ONU adverte que o principal impacto das mudanças climáticas será sentido no suprimento de água.

segunda-feira, 22 de março de 2010

A salvação de Paracatu

A salvação de Paracatu


Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha, em 21 de março de 2010.


Não faltam médicos, nem estabelecimentos de saúde, nem farmácias em Paracatu [1], mas a saúde da população vai muito mal. Dengue, lepra, leishmaniose, esquistossomose, câncer, diabetes, hipertensão, derrame, doença renal, alcoolismo, toxicomania, violência, homicídio, doença mental, aborto e malformações congênitas estão na boca do povo.


As falhas de registro da ocorrência dessas doenças não conseguem ocultar que a cidade de Paracatu tornou-se área hiperendêmica de lepra, dengue e leishmaniose, foco de esquistossomose, e que o índice de morbidade geral de Paracatu é maior que os do Estado de Minas Gerais e do Brasil [2-4].
[LEIA MAIS CLICANDO ABAIXO]

A Maldição do Morro dos Espíritos Maus

A Maldição do Morro dos Espíritos Maus

Por Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha, 22 de março de 2010

A história é como uma face que envelhece com o tempo, sem perder a
fisionomia. As histórias também têm espíritos, esses nunca envelhecem,
nem morrem. O que se vai contar agora é apenas parte de uma história
que não termina.

O Morro do Ouro nem sempre se chamou assim. Ouro era só o que atraía
os exploradores. Antes não era essa a riqueza de Paracatu.

Algum tempo atrás era o Morro da Cruz das Almas, mas nem sempre se
chamou assim. A cruz veio com os dominadores. Antes não havia cruz,
não havia pecado em Paracatu, nem no morro. Antes era só o Morro das
Almas, o Morro dos Espíritos Maus.

Antes era o tempo dos Bacuen, índios que habitavam Paracatu, e foram
assimilados ou mortos pelos exploradores e dominadores que vieram em
busca de ouro. As mulheres Bacuen eram pegas no laço para criar, e os
homens eram mortos. Os que não foram assimilados ou mortos se
refugiaram e eram chamados de Tapuios, palavra feia que na língua tupi
significa bárbaros, inimigos. De taba – aldeia, e puir – fugir: os
fugidos da aldeia.

Os exploradores e dominadores que adoravam o ouro acima de todas as
coisas não podiam entender os Bacuen refugiados, a quem chamavam de
Tapuios, os que viviam na Tapuirama, fazendo Tapuiadas. Os Bacuen
formaram os primeiros Quilombos, juntamente com os negros alforriados
ou fugidos do cativeiro. O Vale do Machadinho e a família Cruz são
remanescentes de um desses Quilombos.

Os primeiros Bacuen acreditavam que o Morro era sagrado, porque ali
era a morada dos espíritos maus. Por isso os Bacuen ensinavam suas
crianças a não perturbar o morro, para não acordar os espíritos maus.

--
Sergio Ulhoa Dani, Dr.med. (DE), D.Sc. habil. (BR)
Göttingen, Germany
Tel. 00(XX)49 15-226-453-423
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Visit the Acangau Foundation websites at:
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CONTRATAÇÕES NA KINROSS




(InfoMine ) A  Kinross está contratando para a mina de Paracatu: engenheiro de minas, engenheiro do trabalho, geólogo, para reforçar o quadro. 

Estamos aguardando o anúncio de contratação de engenheiro ambiental.

O raciocínio é simples: estão se preparando para aumentar a produção e por consequência aumentar o dano ambiental, mas não estão se preparando para a reparação dos danos ocorridos e para a precaução e prevenção em relação aos danos futuros. 

PARACATU IS EXCHANGING GOLD FOR ENVIRONMENTAL DAMAGE

sábado, 20 de março de 2010

Degeneração Kinross

Degeneração Kinross

Por Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha, 19 de Março de 2010

Corre em Paracatu a notícia que a RPM/Kinross e a Votorantim Metais
querem lançar um "Plano de Desenvolvimento Sustentável para 30 Anos",
e para isso contrataram a Fundação João Pinheiro de Belo Horizonte.
Até o título do tal plano está errado. Vou assumir que a notícia não é
uma piada, e mostrar que mineradora não sabe o que é "desenvolvimento
sustentável".

A idéia da sustentabilidade é a que está contida no relatório
Brundtland ("Nosso Futuro Comum"): "modelo que atende as necessidades
das gerações atuais, sem afetar as necessidades das gerações futuras".

segunda-feira, 15 de março de 2010

Paracatu no mapa oficial da injustiça ambiental

Paracatu no mapa oficial da injustiça ambiental

Por Sergio Ulhoa Dani, de Göttingen, Alemanha, 15 de março de 2010

Paracatu está no mapa oficial da injustiça ambiental disponível na internet no endereço
http://www.conflitoambiental.icict.fiocruz.br/index.php

Este mapa de conflitos envolvendo injustiça ambiental e saúde no Brasil é resultado de um projeto desenvolvido em conjunto pela Fiocruz-Fundação Oswaldo Cruz e pela FASE-Fundação de Atendimento Sócio-Educativo, com o apoio do Departamento de Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde.

sábado, 13 de março de 2010

Quanto custou o erro do juiz de Paracatu?

Quanto custou o erro do juiz de Paracatu?

“O erro do agrônomo a terra mostra. O erro do médico a terra esconde.
O erro do juiz é pior que um crime”.

Por Sergio Ulhoa Dani, de Göttingen, Alemanha, 13 de março de 2010

Que o juiz Rodrigo Antunes Lage errou não resta dúvida nem no
judiciário. Sua decisão errônea de impedir o julgamento da Ação Civil
Pública (ACP) de prevenção e precaução contra os riscos e danos ao
meio ambiente e à saúde da população causados pela mineradora
transnacional canadense RPM/Kinross em Paracatu [1-3] foi anulada
pelos desembargadores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
quinta-feira passada, dia 11 de março de 2010.

Entretanto, a correção do erro demorou 6 meses – um desperdício de
tempo que custou vidas e prejuízos irreversíveis. Se há um pedido de
decisão liminar na ACP, desde sua proposição em setembro de 2009, é
porque há perigo na demora.

Estimativas da Fundação Acangaú baseadas em estudos da
EPA-Environmental Protection Agency dos Estados Unidos, em estudos
independentes publicados em periódicos científicos internacionais e em
relatórios da própria mineradora RPM/Kinross dão conta que a mineração
de ouro a céu aberto na cidade de Paracatu custará 9 mil vidas humanas
e mais de 20 bilhões de dólares de prejuízos nos próximos 30 anos.

De acordo com essas estimativas, seis meses de atraso no julgamento da
ACP de Paracatu já custaram 150 vidas e 333 milhões de dólares (587
milhões de reais ou 242 milhões de euros) de prejuízos.

As perdas e os danos causados pela mineração em Paracatu e consentidos
ou negligenciados por um punhado de autoridades governamentais
despreparadas para o exercício de suas funções sociais são
superlativos. Quem arcará com essas perdas e danos?

O caso de Paracatu mostra o potencial destrutivo do erro de um juiz. O
erro de um juiz é pior que um crime.

O caso também mostra que um dos caminhos para melhorar nossa vida e
construirmos uma sociedade livre, justa e solidária é termos juízes e
promotores melhores [4].

Referências e notas:

[1] Leia a história em
http://alertaparacatu.blogspot.com/2009/11/descoberta-cura-do-cancer-e-da-demencia.html

[2] Veja o texto integral da ACP de prevenção e precaução proposta
pela Fundação Acangaú em: http://www.serrano.neves.nom.br/1xACPPTU.pdf

[3] Leia também:
http://alertaparacatu.blogspot.com/2010/03/o-estado-burocratico-de-direito.html

[4] Isto é: Juízes e promotores intelectualmente, moralmente e
cientificamente mais bem preparados e comprometidos com a solução dos
nossos problemas sócio-ambientais, tendo em vista uma sociedade justa,
livre e solidária.
--
Sergio Ulhoa Dani, Dr.med. (DE), D.Sc. habil. (BR)
Göttingen, Germany
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sexta-feira, 12 de março de 2010

O ESTADO BUROCRÁTICO DE DIREITO

O ESTADO BUROCRÁTICO DE DIREITO

CASO: em Paracatu-MG, a Fundação Acangaú, constituída para a defesa dos ecossistemas, teve indeferida liminarmente a Ação Civil Pública de Precaução e Prevenção visando o monitoramento ambiental da instalação da barragem da mineradora RPM/KINROSS que abrigará um bilhão de toneladas de material contendo arsênio na proporção de um quilograma por tonelada de rejeitos. O argumento do magistrado foi a ilegitimidade ativa, dado que a fundação não estaria constituída nos termos do Código Civil (LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002.):

Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.

Data pauta: 11/09/2009
AUTOR: FUNDAÇÃO ACANGAÚ PARA CONSERVAÇÃO E USO DOS ECOSSISTEMAS; RÉU: RPM RIO PARACATU MINERAÇÃO S/A e outros => Dispositivo da r. sentença de f 241/245: "... Diante do exposto, JULGO EXTINTO o processo, sem resolução de mérito, por ilegitimidade ativa, com fulcro no artigo 267, VI, do CPC. Processo isento de custas, nos termos do artigo 18 da Lei 7.347/1985, uma vez não vislumbrado, neste momento, má-fé da autora..." Adv - HEITOR CAMPOS BOTELHO.

A fundação recorreu da decisão visto que constituída na forma da lei anterior não teve o seu estado jurídico afetado, pois a lei nova regula a constituição de novas fundações, e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais anulou a decisão e considerou a fundação legítima para a proposição, comandando o retorno à Comarca de Paracatu para prosseguimento e julgamento.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Mineradora transnacional não recupera todo o arsênio tóxico liberado

Mineradora transnacional não recupera todo o arsênio tóxico liberado

Por Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha, 27 de fevereiro de 2010

Um estudo feito em colaboração entre a mineradora RPM-Rio Paracatu
Mineração e o CETEM-Centro de Tecnologia Mineral [1] mostra que o
processo de hidrometalurgia utilizado pela mineradora em Paracatu não
é capaz de recuperar todo o arsênio tóxico que ela libera do minério
arsenopirita.

O ouro na mina a céu aberto de Paracatu ocorre juntamente com a
arsenopirita, um mineral sulfetado de arsênio de fórmula química
FeAsS. O concentrado gravitado de ouro possui uma composição média de
58,3 g de ouro por tonelada, 15,2% de ferro (Fe), 21,9% de enxofre (S)
e 11% de arsênio (As).

Enquanto a recuperação média de ouro no circuito da hidrometalurgia
varia de 40% a 80%, a recuperação máxima do arsênio é de apenas 30%.

Isso quer dizer que 70% ou mais do arsênio não são recuperados. A
baixa taxa de flotabilidade da arsenopirita pode ser atribuída à
formação de espécies de óxidos de ferro sobre a superfície do sulfeto
ou arsenopirita.

A reação do oxigênio com a superfície da arsenopirita é rápida e muito
facilitada, e produz espécies altamente tóxicas de óxidos de arsênio.

O uso de nitrogênio no lugar do oxigênio na função de gás para
flotação pode aumentar a recuperação de arsenopirita, porém a
recuperação nunca é total. Isso significa que o arsênio da
arsenopirita, incluindo os compostos mais tóxicos, é descartado junto
com os rejeitos.

O Sr. Luis Albano Tondo, funcionário da RPM-Kinross, é co-autor desse
artigo. A RPM é subsidiária integral da transnacional canadense
Kinross Gold Corporation.

Referência:

[1] Monte MBM, Lins FF, Dutra AJB, Albuquerque CRF, Tondo LA. The
influence of the oxidation state
of pyrite and arsenopyrite on the flotation of an auriferous sulphide
ore. CT2002-195-00 Comunicação técnica elaborada para o periódico
Minerals Engineering. CETEM-Centro de Tecnologia Mineral,
MCT-Ministério da Ciência e Tecnologia, Coordenação de Inovação
Técnológica - CTEC, Rio de Janeiro, Dezembro/2002.

--
Sergio Ulhoa Dani, Dr.med. (DE), D.Sc. habil. (BR)
Göttingen, Germany
Tel. 00(XX)49 15-226-453-423
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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Estudos científicos revelam novos riscos do arsênio

Estudos científicos revelam novos riscos do arsênio

Um estudo publicado este mês na revista Science of the Total
Environment mostra que mesmo pequenas quantidades de arsênio presentes
no solo aumentam a incidência e prevalência de demencias como a doença
de Alzheimer.

O estudo conduzido por Sergio Dani, do Instituto Medawar de Paracatu,
é uma meta-análise dos dados do levantamento geológico de arsênio
feito pelo projeto FOREGS, juntamente com os dados de incidência e
prevalência de demências fornecidos pelo estudo de Delphi e os dados
de mortalidade e morbidade da OMS para países da Europa. A partir de 7
ppm (partes por milhão) de arsênio no solo aumenta exponencialmente a
prevalência de demência, informa Dani.

O número de publicações científicas sobre arsênio tem aumentado em um
ritmo maior que o das publicações sobre mercúrio, cádmio e chumbo,
considerados os principais poluentes metálicos. O aumento do número de
publicações sobre arsênio reflete a gravidade da contaminação
ambiental e os riscos da exposição crônica a este metalóide. A
exposição crônica ao arsênio causa diversas doenças, como câncer,
diabetes, doenças vasculares e demências.

Paracatu e Nova Lima são as cidades brasileiras mais contaminadas por
arsênio, em decorrência da mineração de ouro nestas cidades. Enquanto
países como Canadá não permitem contaminação dos solos por arsênio
acima de 5 ppm, em alguns bairros de Paracatu e Nova Lima a
concentração de arsênio nos solos chega a 13000 ppm. Em Paracatu, a
responsável pela contaminação é a empresa canadense RPM/Kinross, que
conta com o apoio de um punhado de autoridades governamentais
brasileiras.

Fonte:
http://sosarsenic.blogspot.com/2010/02/mimer-notes-february-14-2010.html
http://sosarsenic.blogspot.com/2010/02/arsenic-for-fool.html

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Clóvis, um desbrasileiro

Clóvis, um desbrasileiro

Por Sergio U. Dani, de Göttingen, Alemanha, 7 de fevereiro de 2010

Clóvis Torres é proprietário e representante legal de sete áreas na
região do Machadinho, em Paracatu, e está pedindo socorro. A
RPM/Kinross, mineradora transnacional canadense, quer expulsá-lo de
sua terra para transformar tudo num imenso lixão de veneno.

"Estamos vivendo dias de angústia e de perseguição. A RPM não
respeita os moradores da região, ela busca apenas soluções de seu
próprio interesse", desabafa Clóvis.

Dia 04 de dezembro do ano passado, Clóvis e sua família foram
despejados pela RPM/Kinross. Por decisão judicial, foram depois
reintegrados nas suas posses.

Mas a ameaça continua. Clóvis está sendo encurralado e tocado como
gado para o mesmo moinho que já triturou tantos outros paracatuenses,
destruiu tantas vidas, tantos sonhos, tantos passados, presentes e
futuros. Até quando?

Até quando durará a saga de perseguição, expulsão e morte dos
paracatuenses, e a ameaça de poluição iminente e irreversível do Vale
do Machadinho, a caixa d'água potável mais antiga de Paracatu, fonte
preciosa de vida, na bacia do São Francisco?

Quantos ainda precisarão sofrer e morrer, para que finalmente vejam
que não valeu a pena entregar nossa vida às pirataria nacional e
estrangeira?

Até quando esse Brasil será a terra-sem-lei, das leis-para-inglês-ver?
o país mais injusto do mundo? o país do faz-de-contas? do salve-se
quem puder? do manda quem pode, obedece quem tem juízo? ao mesmo tempo
o banco e a latrina do mundo? o porão dos escravos? o depósito dos
desbrasileiros?

A Terra é dona da Terra. A cada corte no Morro das Cruz das Almas geme
um espírito que clama por justiça, essa miragem que parece
inatingível. Mas ela virá, e atingirá a terra e os homens com
assombrosa força e sagrado jeito, porque é lei universal, superiora e
vinculante. Aqui se faz, aqui se paga.

--
Sergio Ulhoa Dani, Dr.med. (DE), D.Sc. habil. (BR)
Göttingen, Germany
Tel. 00(XX)49 15-226-453-423
srgdani@gmail.com

Visit the Acangau Foundation websites at:
http://www.sosarsenic.blogspot.com/
http://www.acangau.net/
http://www.alertaparacatu.blogspot.com/
http://www.serrano.neves.nom.br/

sábado, 6 de fevereiro de 2010

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"A injustiça e a violência que vêm sendo perpetradas sobre o povo de Paracatu e sobre o meio ambiente clama aos céus. É um pecado contra o Espírito Santo e um crime hediondo." Frei Gilvander Moreira.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

“Los efectos de la minería son peores que los 2 virus juntos”

“Los efectos de la minería son peores que los 2 virus juntos”
17-01-10 Por Nuevo Diario
http://www.ecoportal.net/content/view/full/90653

El doctor Guillermo Tarchini, del Foro Ambientalista local, aseguró que la contaminación de la cuenca Salí-Dulce que provoca esa actividad, “en 10 ó 15 años hará efecto en la salud de los santiagueños, y será peor que la epidemia de dengue y gripe A”. Expresó que las enfermedades contraídas por los metales pesados no se manifiestan inmediatamente y la gente no está informada al respecto.

Para el profesional, los efectos de La Alumbrera serán graves, y se sumarán los de Agua Rica.

“La minería metalífera a cielo abierto es más grave que el dengue y la gripe porcina juntos para el pueblo santiagueño”, precisó el doctor Guillermo Tarchini, integrante del Foro Ambientalista de Santiago del Estero. En ese sentido especificó que “es una espada de Damocles que pende sobre la cabeza de los santiagueños”, lo cual indicó que está comprobado desde la medicina toxicológica.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Efeitos da exposição crônica ao arsênio sobre a saúde: revisão da literatura e perspectivas para o futuro

19 de janeiro de 2008
Ao concluir seu projeto de mineração em Paracatu, a RPM/Kinross poderá ter envenenado a atual e as futuras gerações de paracatuenses, comprometendo as possibilidades de desenvolvimento e sustentabilidade da cidade.
Efeitos da exposição crônica ao arsênio sobre a saúde: revisão da literatura e perspectivas para o futuro

Sergio Ulhoa Dani – Doutor em Medicina pela MHH (Alemanha), Doutor em Ciências pela UFMG e livre-docente em genética pela USP

Resumo: O arsênio e seus compostos são altamente tóxicos quando inalados, ingeridos ou absorvidos. As doenças ligadas ao envenenamento crônico por arsênio incluem desde lesões de pele até diabetes, insuficiência renal e câncer, entre outras. Em todo o mundo, mudanças regulatórias estão em curso, em reconhecimento à percepção de que o arsênio pode causar efeitos deletérios em concentrações muito mais baixas do que se pensava há pouco tempo. O standard atual de 10 ppb talvez seja o primeiro no qual a EPA explicitamente comparou os custos e benefícios e usou o valor de US$ 6,1 milhões (seis milhões e cem mil dólares) por vida calculada salva. Um estudo demonstrou um aumento de mais de 10 x (dez vezes) no risco de câncer em uma população exposta aos solos e águas contaminados por arsênio, nas vizinhanças de uma mina abandonada de ouro e prata. A contaminação ambiental pelo arsênio da mineração a céu aberto pode ocorrer de várias formas. O arsênio pode ser liberado próximo à superfície das áreas lavradas e dos rejeitos de mineração, carregado pela poeira a grandes distâncias e depois lavado para a profundidade. A poeira tóxica que se forma na área desnuda da lavra e os elementos solubilizados dos rejeitos, ao atingem povoados e cursos d'água, impactam negativamente áreas localizadas a centenas de quilômetros da mineração. A oxidação da pirita é fonte certa de arsênio, mas existe evidência experimental de que a liberação anaeróbia a partir de oxihidróxidos de ferro também ocorre nas profundidades do aquífero. Em razão dos baixos valores de pH na mina de ouro de Paracatu, elementos tóxicos, incluindo alumínio, manganês, cobre, arsênio, chumbo, mercúrio e cádmio, presentes no meio, são solubilizados e mobilizados na poeira e nas águas de drenagem, podendo ser absorvidos em níveis tóxicos pelos seres vivos, inclusive as plantas e o ser humano, e incorporados na cadeia alimentar. A flora e a fauna assimilam compostos de arsênio com facilidade, pois este elemento substitui o nitrogênio e o fósforo em algumas vias metabólicas. Quando existe suspeita de contaminação ambiental mais extensa, por exemplo, por meio da poeira transportada para regiões povoadas ou contaminação do lençol freático, deve-se conduzir estudos epidemiológicos visando detectar intoxicação crônica sub-clínica na população em geral, especialmente nos bairros e povoados mais próximos à fonte de contaminação. Uma grande porcentagem da população (30-40%) exposta ao arsênio pode ter níveis elevados de arsênio na urina, cabelo e unhas, mesmo sem mostrar sintomas clínicos aparentes, como lesões de pele. Por isso é muito importante conduzir testes clínicos da exposição ao arsênio na população sob risco. A detecção precoce de lesão renal nessas populações expostas é necessária para que medidas preventivas possam ser tomadas no sentido de evitar a progressão da doença para um estágio irreversível. A mina a céu aberto gera passivos sócio-ambientais gigantescos, e transfere o problema e o risco de envenenamento para as gerações futuras. A área lavrada a céu aberto funciona como uma verdadeira fábrica de poeira tóxica, que é levada pelos ventos diuturnamente, para a cidade de Paracatu e uma ampla zona rural adjacente. O futuro dependerá do que nós fizermos hoje para impedir o inevitável.
A Universidade de Harvard mantém um sítio sobre os efeitos maléficos à saúde causados pela exposição crônica ao arsênio, cujo conteúdo será compilado, de forma resumida, a seguir, juntamente com material de outras fontes:
http://www.physics.harvard.edu/~wilson/arsenic/arsenic_project_introduction.html

Arsênio é um elemento químico encontrado em muitos tipos de rochas, especialmente nos minérios que contêm cobre, chumbo, prata e ouro. Quando esses minérios são triturados para extrair aqueles metais valiosos, a maior parte do arsênio é coletada para a produção de pesticida.

Como no caso da radiação, todos nós somos expostos a baixos níveis de arsênio (especialmente arsênio inorgânico) porque níveis muito baixos deste elemento estão sempre presentes no solo, água, alimentos e ar. Uma pessoa ingere em média cerca de 8 microgramas (8 milésimos de um grama) na comida, diariamente.

Entretanto, níveis elevados de arsênio no corpo, como acontece nos casos de intoxicação ou envenenamento, causam sérios danos à saúde humana.

Os efeitos do envenenamento leve a partir da inalação de arsênio ou seus compostos incluem perda do apetite, náusea, e diarréia. Efeitos da exposição mais intensa ao arsênio incluem: (1) sensação de “pinicação” nas palmas das mãos, ou câimbras nos músculos da panturrilha; (2) calor e irritação na garganta e estômago, um odor de alho no hálito e na respiração, ou um gosto metálico na boca; (3) vômitos, aumento da freqüência das evacuações, com fezes muito soltas; (4) efeitos neurológicos, incluindo irritabilidade, inquietação, dores de cabeça crônicas, apatia, fraqueza, tontura, delírio, sonolência, convulsões ou coma.

O envenenamento crônico por arsênio causa numerosos problemas de saúde no corpo humano. Os sintomas mais comuns do envenenamento por arsênio são lesões de pele visíveis, do tipo hiper-pigmentação (melanose ou escurecimento), hiperceratose das palmas das mãos e solas dos pés (ceratose: pele rugosa, engrossada, endurecida e com protuberâncias), problemas respiratórios, problemas nos olhos, doença cardiovascular, como hipertensão e doença do pé preto, diabetes, neuropatia periférica e efeitos reprodutivos adversos que incluem aborto espontâneo, nascimento de prematuros e morte neonatal. Medidas de QI verbal e a memória de longo prazo também podem ser afetadas, e o arsênio pode suprimir a regulação hormonal e a transcrição gênica mediada por hormônio.

Os efeitos mais fatais são gangrena, insuficiência renal e insuficiência hepática e câncer de órgãos internos, particularmente câncer de bexiga e de pulmão. Como o arsênio interfere com o metabolismo de energia do corpo, os pacientes arsenicosos invariavelmente sofrem de fraqueza generalizada.

Os efeitos mais sérios do arsênio, como câncer e diabetes, requerem exposições longas e contínuas, talvez de 20 anos ou mais, para se manifestar.
Sinais de exposição de longo prazo ao arsênio incluem: (1) desenvolvimento de marcas brancas nas unhas; (2) escurecimento da pele, lesões de pele, rash cutâneo (manchas salientes na pele) e o aparecimento de pequenas feridas nas palmas, solas e dorso, e de manchas que lembram “pingos de chuva em uma estrada empoeirada”.
Além da doença física, a presença de lesões de pele visíveis nos pacientes arsenicosos lança-os em numerosos problemas sociais. Este problemas sociais incluem a dissolução do casamento ou dificuldade para casar, particularmente no caso das mulheres, a interrupção dos cursos escolares, a demissão dos empregos, a segregação pela comunidade que considera erroneamente que a doença é contagiosa ou familiar.
Os efeitos crônicos da exposição prolongada a baixos níveis de arsênio foram recentemente estabelecidos. Pigmentação da pele, ceratoses e câncer de pele foram reportados por Tseng, em 1966, em Taiwan, entre pessoas que beberam água de poços contaminados (embora nenhum efeito tenha sido observado abaixo de 150 partes por bilhão – ppb, o que deve ser o limiar biológico) e uma incidência muito alta de câncer de pulmão, bexiga e outros cânceres foi encontrada, em Taiwan, pelo Dr. Chien-Jen Chen, em 1986, e pelo Dr. Allan Smith e colaboradores, no Chile, em 1993 (Dr. Allan Smith, University of California, Berkeley ~ School of Public Health ~ 140 Warren Hall MC7360 ~ Berkeley, CA 94720-7360; Telephone: 510/843-1736 ~ Facsimile: 510/843-5539 ~ E-mail: asrg@berkeley.edu. ).

Estes achados levaram a Organização Mundial para a Saúde (WHO) a recomendar o abaixamento do nível regulatório de arsênio na água de 50 ppb para 10 ppb. O Canadá, país de origem da empresa Kinross, proprietária da RPM, está contemplando um decréscimo ainda maior, para 5 microg/L (i.e., 5 ppb). A razão para estas mudanças regulatórias é a percepção de que o arsênio pode causar efeitos deletérios em concentrações muito mais baixas do que se pensava anteriormente.
A Agência de Proteção Ambiental norte-americana (EPA) publicou uma revisão extensa dos mecanismos de ação do dimetil arsênio (DMA) e seus possíveis mecanismos de ação: http://phys4.harvard.edu/%7Ewilson/arsenic/EPA%20DMA%20mode.pdf

A EPA não descarta uma dose-resposta linear nem mesmo nas doses mais baixas. É praticamente impossível reduzir o conteúdo de arsênio na água potável para um nível de risco de um em um milhão para a duração de uma vida, calculado a partir de uma relação dose-resposta, um nível de risco e um procedimento de cálculo frequentemente usado pela EPA. O standard atual de 10 ppb talvez seja o primeiro no qual a EPA explicitamente comparou os custos e benefícios e usou o valor de US$ 6,1 milhões (seis milhões e cem mil dólares) por vida calculada salva.
Não há nenhuma evidência sobre seres humanos que contestem a idéia de que a exposição prolongada a baixas doses de arsênio é perigosa. Após vários anos de exposição a baixos níveis de arsênio, aparecem várias lesões de pele. Estas se manifestam por hiperpigmentação (manchas escuras), hipopigmentação (manchas brancas) e ceratoses das mãos e pés. Após uma década, cânceres de pele são esperados. Vinte ou trinta anos após a exposição a 500 ppb de arsênio, cânceres internos (pulmão, rins, fígado e bexiga) aparecem em 10% de todos os indivíduos expostos. Além disso, a relação de dose-resposta para estes cânceres internos é consistente com o aspecto linear, sem limiar.
Toxicidade e metabolismo
A toxicidade do arsênio depende do seu estado químico. O arsênio e seus compostos, principalmente os inorgânicos (quando não produzidos por um organismo animal ou vegetal), são altamente tóxicos quando inalados, ingeridos ou absorvidos.

A dose letal média do arsênio é de 0,07 g/kg, sendo praticamente todos os compostos de arsênio tóxicos para o ser humano, uns mais do que outros. Além de tóxico, o arsênio é bioacumulativo, à semelhança de outros elementos. Isso significa que estamos sempre somando arsênio no organismo.
Quando o arsênio é introduzido no organismo humano – seja ele orgânico ou inorgânico – ele é rapidamente convertido a espécies altamente tóxicas que reagem com os grupos sulfidrilas das proteínas, inibindo e bloqueando os processos celulares do indivíduo. O arsênio pode ser introduzido por ingestão, inalação e absorção e, em 24 horas, os compostos contendo arsênio distribuem-se em diferentes órgãos do corpo humano.
O arsênio exerce ações inibidoras em relação a enzimas contendo grupos SH, podendo inibir a síntese de ATP e afetar o metabolismo energético, glicídico e lipídico.
Fontes de contaminação e exposição
A contaminação por arsênio tornou-se um problema em muitas partes do mundo. Inicialmente como resultado do vazamento de rejeitos de mineração, mas agora também em função da contaminação dos aqüíferos usados para o abastecimento de água. O arsênio também foi amplamente utilizado como pesticida. Como não se prestou atenção ao destino final do arsênio, como consequência o arsênio agora aparece na água e demais alimentos.
Um estudo conduzido na Coréia (Lee JS, Chon HT, Kim KW. Human risk assessment of As, Cd, Cu and Zn in the abandoned metal mine site. Environ Geochem Health. 2005 Apr;27(2):185-91) demonstrou um aumento de mais de 10 x (dez vezes) no risco de câncer em uma população exposta aos solos e águas contaminados por arsênio, nas vizinhanças de uma mina abandonada de ouro e prata. As concentrações médias de arsênio nos solos e nas águas dos córregos eram, respectivamente, de 230 mg/kg e 246 microgramas/litro. Esses níveis são significativamente mais altos que os níveis permitidos internacionalmente para qualidade de água potável. Este estudo apontou um risco de câncer por exposição ao arsênio presente na água potável de 5 casos para cada 1.000 habitantes, o que é muito superior ao nível convencional aceitável de 1 caso para cada 10.000 habitantes.
As razões pelas quais o arsênio entra na água diferem entre as várias localidades (Recomenda-se a leitura de: Bhattacharya, P., A. H. Welch, K. M. Ahmed, G. Jacks e R. Naidu (Eds.) Arsenic in Groundwater of Sedimentary Aquifers. Applied Geochemistry, 19(2), 163-260, February 2004.). É muito importante determinar porque e como o arsênio é dissolvido na água, e para isso é necessário estudar a química total da água e a hidrogeologia. O Professor McArthur, da UC London argumenta: “Está cada vez mais claro que a poluição grave das águas subterrâneas na maioria dos aqüíferos aluviais no mundo inteiro é guiada pelo metabolismo da matéria orgânica, mediada por micróbios, com o FeOOH agindo como fonte de oxigênio: o óxido é reduzido durante o processo e seu arsênio adsorvido é liberado para a água do solo. Apesar da aceitação geral deste mecanismo, muitos aspectos dele ainda são obscuros”.
Em junho de 2005, um estudo em colaboração entre o Departamento de Ciências Geológicas e Ambientais, o Laboratório Parsons no Massachusetts Institute of Technology, o Consórcio para Fontes Avançadas de Radiação e o Departamento de Ciências Geofísicas da Universidade de Chicago estabeleceu que o arsênio pode ser liberado próximo à superfície e depois lavado para a profundidade. Entre outras coisas, o estudo estabeleceu a existência de um input consistente de arsênio via deposição de sedimento. Mais detalhes podem ser obtidos no website SOS-Arsenic:
http://www.sos-arsenic.net/english/source/index.html#sec1.1


Uma idéia mais antiga era a de que a água estava sendo drenada a partir do aqüífero, permitindo a oxidação da pirita. Um artigo científico que descreve a contaminação de arsênio em Perth, Australia, mostra que existe um lugar em Perth onde a oxidação da pirita era claramente a fonte de arsênio (embora exista evidência que a liberação anaeróbia a partir de oxihidróxidos de ferro também ocorre nas profundidades do aquífero).
O Grupo de Pesquisa em Ecologia Microbiana da Universidade de Zürich, na Suíça, investigou a transformação, mediada por bactérias, de oxiânions de arsênio de alguns sedimentos de aqüíferos de Bangladesh. Os resultados podem ser conferidos em:
http://www.unizh.ch/%7Emicroeco/uni/kurs/mikoek/results/project2/arsen.html
Aspectos sociais
Experts de países desenvolvidos frequentemente consideram o problema da poluição por arsênio um problema técnico para ser resolvido de maneiras puramente técnicas. Mas isso é ingenuidade. Existem aspectos sociais tremendos que controlam a habilidade de alguém ajudar. Um conjunto de artigos científicos que discutem esses aspectos foi disponibilizado no website do APSU e também no sítio de Harvard:
http://www.physics.harvard.edu/~wilson/arsenic/references/selected_social_papers.pdf
Soluções possíveis para os problemas
A primeira e mais óbvia necessidade é a de evitar a emissão de arsênio para o meio ambiente. Em segundo lugar, medir os níveis de arsênio no organismo e em todo e qualquer alimento e água usados para o consumo humano. O próximo passo é purificar a água ou, melhor ainda, buscar uma fonte alternativa de abastecimento de água pura. A maneira pela qual isso é feito varia de país para país.

No sudeste da Ásia, e em Bangladesh em particular, duas facetas de uma solução parecem ter alcançado consenso:
(1) Não existe uma solução única para todos os lugares e comunidades. É vital envolver a comunidade local na decisão e mais importante ainda no follow up e manutenção;

(2) A solução em qualquer comunidade e localidade precisa ser baseada no melhor entendimento científico possível.
Para estabelecer o nexo causal entre os contaminantes ambientais no ambiente de trabalho e doença ocupacional por exposição ao arsênio, recomenda-se dosar os marcadores plasmáticos, tissulares e urinários nos trabalhadores, de forma regular.
Quando existe suspeita de contaminação ambiental mais extensa, por exemplo, por meio de poeira transportada para regiões povoadas ou contaminação do lençol freático, deve-se conduzir estudos epidemiológicos visando detectar intoxicação crônica sub-clínica na população em geral, especialmente nos bairros e povoados mais próximos à fonte de contaminação.
Uma grande porcentagem da população (30-40%) exposta ao arsênio pode ter níveis elevados de arsênio na urina, cabelo e unhas, mesmo sem mostrar sintomas clínicos aparentes, como lesões de pele (Kapaj S, Peterson H, Liber K, Bhattacharya P. Human health effects from chronic arsenic poisoning – a review. J Environ Sci Health A Tox Hazard Subst Environ Eng. 2006;41(10):2399-428). Por isso é muito importante conduzir testes clínicos da exposição ao arsênio na população sob risco. A detecção precoce de lesão renal nessas populações expostas é necessária para que medidas preventivas possam ser tomadas no sentido de evitar a progressão da doença para um estágio irreversível.
Arsênio na mina de ouro operada pela RPM/Kinross em Paracatu
A mina Morro do Ouro está dentro do perímetro urbano; ela é operada 24 horas por dia, desde 1987, e a quantidade de poeira trazida pelo vento para a cidade é significativa. Com seu projeto de expansão, em fase de licenciamento, a mineradora RPM/Kinross deverá permanecer pelo menos mais 30 anos na cidade, movimentando volumes de minério três vezes maiores que os atuais (6.000 toneladas de minério/hora) o que deve potencializar os riscos à saúde da população de Paracatu.
A atividade da mineradora, quando comparada a outras fontes de degradação do ambiente, como a agricultura e a pecuária, afeta diretamente uma área relativamente pequena. Contudo, a poeira tóxica que se forma na área desnuda da lavra e os elementos solubilizados dos rejeitos, ao atingem povoados e cursos d'água, impactam negativamente áreas localizadas a centenas de quilômetros da mineração. Elevados teores de metais pesados podem ser encontrados na cadeia alimentar e no homem nos arredores das áreas de mineração, pela entrada desses elementos em solos agrícolas, córregos, rios e ribeirões e nos alimentos produzidos nestas áreas. Isso coloca em risco toda a população localizada no entorno do empreendimento minerário.
A atividade da Rio Paracatu Mineração na Mina Morro do Ouro, que contém minerais sulfetados, como arsenopirita (FeSAs), expõe à atmosfera os sulfetos confinados que, ao entrarem em contato com a água e o ar, sofrem oxidação facilitada por microorganismos, especialmente bactérias. Os produtos da oxidação dos sulfetos, além de serem altamente solúveis, apresentam reação fortemente ácida, de modo que são facilmente dissolvidos na fase líquida, acidificando as águas de drenagem.
Em razão dos baixos valores de pH, elementos tóxicos, incluindo alumínio, manganês, cobre, arsênio, chumbo, mercúrio e cádmio, presentes no meio, são solubilizados e mobilizados na poeira e nas águas de drenagem, podendo ser absorvidos em níveis tóxicos pelos seres vivos, inclusive as plantas e o ser humano, e incorporados na cadeia alimentar. A flora e a fauna assimilam compostos de arsênio com facilidade, pois este elemento substitui o nitrogênio e o fósforo em algumas vias metabólicas.
A drenagem ácida da Mina Morro do Ouro constitui sério problema ambiental, capaz de comprometer a qualidade dos recursos hídricos, cujas águas se tornam inadequadas para irrigação, consumo humano e animal e para uso industrial. Ela é tanto mais séria, quanto maior é a profundidade da mina. Também ocorre dificuldade de revegetação das áreas de rejeito e de estéril advindos da mineração. Os depósitos de rejeitos são um “morro triturado e virado ao contrário”, transformado em uma planície estéril e venenosa. A geração de acidez e a conseqüente solubilização de metais, nessa planície e nas áreas de lavra e nas cavas de onde os rejeitos vieram, podem ser prevenidas pelo controle do ingresso de oxigênio ao substrato sulfetado. Portanto, uma medida eficiente seria inundar os depósitos de rejeito e o lavrado e, deste modo, prevenir o acesso de oxigênio. Esta solução pode funcionar parcialmente na área da cava, mas não nas áreas do entorno e, muito menos, nas lagoas de rejeitos, em função da diminuição da estabilidade e segurança das barragens gigantescas.
A medida mais viável é a revegetação. A revegetação pode retornar boa parte da água de percolação para a atmosfera, por meio da transpiração, além de dar mais estabilidade à superfície, para prevenir o arraste de partículas contaminadas pelo vento e pela água. Entretanto, os rejeitos apresentam sérias restrições ao desenvolvimento das plantas, considerando, principalmente, os teores baixos de fósforo, potássio e matéria orgânica; bem como a elevada acidez e salinidade e o alto teor de arsênio. Nessas condições, a mortalidade das plantas é próxima a 100%. Basta observar, na paisagem atual da mina, que não ocorre colonização vegetal espontânea.
A empresa RPM/Kinross não demonstra capacidade de tratar adequadamente estes problemas. Na prática, a mineradora está ocultando e transferindo o problema para as gerações futuras. A política de comunicação social da mineradora é informar a população que venenos como o arsênio presente no minério e o cianeto utilizado nos seus processos industriais para recuperar o ouro são precipitados e inativados. Entretanto, a mineradora não divulga que, embora boa parte destes venenos fica depositada em tanques específicos, que depois são cobertos por terra, outra parte é lançada na lagoa de rejeitos, pois os processos de precipitação, recuperação e inativação não são completamente eficientes; é como se os venenos fossem jogados debaixo do tapete da nossa casa, deixados ali dormentes, em vez de ser eficientemente inativados.
Consideramos esse procedimento inadequado, porque transfere o problema e o risco de envenenamento para as gerações futuras. Acresce que a área lavrada a céu aberto funciona como uma verdadeira fábrica de poeira tóxica, que é levada pelos ventos diuturnamente, para a cidade de Paracatu e uma ampla zona rural adjacente.
O risco de envenenamento ambiental realmente é grande e os processos são complexos e não estão merecendo a devida atenção por parte da empresa, dos órgãos ambientais, das autoridades ou da sociedade em geral.
As perspectivas para o futuro são sombrias. Ao concluir seu projeto de mineração em Paracatu, a RPM/Kinross poderá ter envenenado a atual e as futuras gerações de paracatuenses, comprometendo as possibilidades de desenvolvimento e sustentabilidade da cidade. Restarão milhares de mortos, doentes, desanimados, pobres indignados abandonados ao próprio azar. O futuro dependerá do que nós fizermos hoje para impedir o inevitável.