segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Envenamento lento pelo ‘pó da herança’ descoberto em Heidelberg


Envenamento lento pelo ‘pó da herança’ descoberto em Heidelberg

O arsênio, arma de assassinato predileta dos herdeiros impacientes, também é causa de doenças que tormentam e matam milhões de pessoas em todo o mundo.

Estudo realizado na Universidade de Heidelberg, Alemanha revela um mecanismo até então desconhecido da intoxicação crônica por este veneno.

Como as propriedades químicas do arsênio se assemelham às do fósforo, pode ocorrer a substituição do fósforo pelo arsênio. O arsênio presente no alimento, na água e no ar é absorvido pelo corpo e se acumula lentamente nos ossos. A reabsorção óssea pode elevar a relação arsênio:fósforo nos fluidos corporais.

‘A deficiência de vitamina D e estados fisiológicos como a gravidez e a menopausa aceleram a reabsorção óssea, que libera o arsênio acumulado ao longo dos anos no esqueleto’, explica o médico e cientista Sergio Ulhoa Dani, autor do estudo publicado esta semana pela revista ‘Bone’.

No metabolismo celular, a troca do fósforo pelo arsênio desencadeia os chamados ‘ciclos fúteis’ que podem causar doenças crônicas como certas doenças de pele, anemia, doenças da tireóide, hipertensão, infarto do miocárdio, diabetes mellitus e diversos tipos de câncer.

O tratamento da reabsorção óssea com vitamina D e bisfosfonato teve um efeito dose-dependente de redução da quantidade de arsênio liberado do esqueleto, consequentemente melhorando os sinais e sintomas da intoxicação pelo arsênio, conforme mostrado no estudo.

Como a deficiência de vitamina D atingiu níveis de epidemia global, bem como a poluição ambiental pelo arsênio liberado por atividades como mineração de ouro e carvão mineral também aumentou, os cientistas acreditam que a intoxicação osteoresorptiva por arsênio seja uma causa comum das doenças que mais matam no mundo.

Na Universidade de Tübingen, um grupo de neurocientistas e geneticistas pretende investigar a associação entre arsênio e doença de Alzheimer.

Ref.: Dani SU, Osteoresorptive arsenic intoxication, Bone (2013), 10.1016/j.bone.2013.01.017